terça-feira, 27 de abril de 2010

Quanto custa um amigo?

Healing hands

Foto de Melu Rogi

Amizade é provavelmente o tesouro mais precioso que podemos cultivar. Difícil imaginar a vida sem um amigo que seja...
Em geral a amizade nasce de uma ligação entre pessoas que compartilham interesses, idéias , pesares ou objetivos em comum. O conviver com o chamado amigo é capaz de produzir as mudanças que nos tornam pessoas melhores. O que o outro vê em nós e o que nós mesmos somos capazes de ver é em geral muito diferente, e sem a presença do nosso amigo, estaríamos muito provavelmente condenados a nunca crescer, difícil entender sozinho o que precisa ser moldado...
A amizade permite uma individualidade alem da comunhão, os amigos aproximam-se pelo que tem em comum, mas a amizade não exige que haja uma mudança na essência de cada um, aceitar a cada um com todos os defeitos e manias faz parte do pacote.
Interessante perceber que conviver, conversar, chorar e rir juntos, acaba por transformar nossa existência. Encontrar alguém tão estranho como nós mesmos dá um alivio à alma, não estamos sozinhos no mundo! Existem seres semelhantes, por mais complexo que isso possa parecer.
A convivência no entanto, não é nada simples, por mais que tenhamos interesses em comum, temos nossos defeitos, nossa personalidade, nosso humor oscilante. E tudo isso junto torna complicado caminhar juntos. Aprender a conviver é também algo que precisa ser trabalhando enquanto caminhamos com nosso grupo de amigos. O amigo provavelmente será o primeiro a falar a verdade , aquela verdade que te confronta...
Já encontrou algum amigo que não vê a tempos? Não faz muita diferença a quanto tempo não se vêem, o quanto a vida de cada um mudou,parece que o tempo volta e a afinidade continua a mesma de quando falavam-se todos os dias. E aí é sempre igual, vem a promessa de manter contato com mais frequência, de ligar, escrever, combinar encontros.... E de novo tudo volta ao mesmo ponto e só no próximo casamento, aniversário ou o que seja de algum amigo em comum voltarão a encontrar-se... Isso não diminui os laços de amizade, apenas a distancia ou a vida tão atribulada de cada um impede que as promessas sejam cumpridas, e ambos entendem que não são menos amigos hoje do que antes.
Vez ou outra, surgem amigos de maneira inesperada, em situações inusitadas, mas que acabam por dar-nos o suporte e acolhida de que precisamos naquele momento, e depois disso o laço só fortalece e você ganhou mais um amigo, alguém que sempre será relevante em sua vida independente de que o convívio diminua com o passar do tempo ou com novos rumos que a vida possa tomar. Afinal de contas vocês compartilham a mesma verdade e isso não desvanece.
Como relatou Vinicius de Morais no seu Soneto do amigo:



“Enfim, depois de tanto erro passado

Tantas retaliações, tanto perigo 

Eis que ressurge noutro o velho amigo

Nunca perdido, sempre reencontrado.



É bom sentá-lo novamente ao lado

Com olhos que contêm o olhar antigo

Sempre comigo um pouco atribulado 

E como sempre singular comigo.



Um bicho igual a mim, simples e humano 

Sabendo se mover e comover

E a disfarçar com o meu próprio engano.



O amigo: um ser que a vida não explica

Que só se vai ao ver outro nascer

E o espelho de minha alma multiplica...”

terça-feira, 20 de abril de 2010

Fênix - Flávio Venturini / Jorge Vercilo


"Eu!

Prisioneiro meu

Descobri no brêu

Uma constelação...

Céus!

Conheci os céus

Pelos olhos seus

Véu de contemplação...

Deus!

Condenado eu fui

A forjar o amor

No aço do rancor

E a transpor as leis

Mesquinhas dos mortais...

Vou!

Entre a redenção

E o esplendor

De por você viver...

Sim!

Quis sair de mim

Esquecer quem sou

E respirar por ti

E assim transpor as leis

Mesquinhas dos mortais...

Agoniza virgem Fênix

O amor!

Entre cinzas arco-íris

Esplendor!

Por viver às juras

De satisfazer o ego mortal...

Coisa pequenina

Centelha divina

Renasceu das cinzas

Onde foi ruína

Pássaro ferido

Hoje é paraíso...

Luz da minha vida

Pedra de alquimia

Tudo o que eu queria

Renascer das cinzas...

E eu!

Quando o frio vem

Nos aquecer o coração

Quando a noite faz nascer

A luz da escuridão

E a dor revela a mais

Esplêndida emoção...

O amor!

Quando o frio vem

Nos aquecer o coração

Quando a noite faz nascer

A luz da escuridão

E a dor revela a mais

Esplêndida emoção...

Quando o frio vem

Nos aquecer o coração

Quando a noite faz nascer

A luz da escuridão

E a dor revela a mais

Esplêndida emoção

O amor!..."

Flávio Venturini / Jorge Vercilo

Stunning

(Foto de Cintia Scola)

Usando de “licença poética” darei um sentido próprio para a palavra da língua Inglesa “Stunning”. Não que me faltem palavras em português mas, apenas pelo fato de ser essa a palavra que me veio a mente no caminho pra casa, enquanto refletia...
Sempre volto pra casa ouvindo radio, e vez ou outra surge uma musica indesejada, sabe aquela musica que te traz à mente o que você vem tentando esquecer a tempos? Pois é, por mais antiga que ela seja do nada surge na programação atualíssima da estação de rádio. Impressionante, depois dela começar a tocar via de regra te faltam forças pra mudar de estação e não ouvir. E daí pra frente vem aquele turbilhão de lembranças que te faz sair do eixo. Haja energia...
O interessante é que em algumas raras vezes, essa situação que em geral te deixaria triste ou pelo menos melancólico pelo resto da noite, te traz fôlego novo. Nem sempre isso funciona, mas vamos focar naquele momento em que isso valeu, que te deu um fôlego novo pra caminhada, e mais ainda fez com que você sentisse-se stunning , aqui uso essa palavra como um estado de espírito, quando nos sentimos muito bem, ou melhor esplendidamente bem. Nada pode te abalar, nenhum sinal de baixa estima, de falta de esperança no futuro, de desacreditar nos sonhos. Tudo ao seu redor torna-se perfeito, por um passe de mágica. E tudo isso começou por causa daquela musica que te lembra o que precisa ser esquecido.
Tudo bem isso ressalta a inconstância muitas vezes habitual na alma humana, como já registrou Davi nos salmos. Mas vamos seguindo, tudo isso fez com que o telefonema que te acordou na madrugada, a mudança do itinerário que agora te faz perder uma hora a mais no seus dia, o desgaste do dia de trabalho, o stress do que não foi possível ser resolvido, a noite que você adormeceu chorando, aqueles planos que você deixou de lado pela falta de esperança no futuro... Faz tudo isso ficar tão distante e pequeno, e surge uma radiante alegria de viver. Agora tudo parece alegre e divertido. Do nada mudou a perspectiva, e de novo, tudo devido a algo que deveria te entristecer.
Seria bom se sempre fosse possível ver o lado bom do que acontece, aproveitar cada acontecimento para reunir forçar para a caminhada. Viver um dia de cada vez, mas com um entendimento mais positivo de tudo que se passa, afinal de contas tudo tem um lado melhorzinho pra ser visto. Difícil é manter o foco nesse lado e deixar para depois ou se possível para nunca, o lado que nos deixa pra baixo, de certa forma infelizes e sem sonhos.
Como diria Fernando Pessoa “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”
Assim deveríamos ser... Se não sempre, pelo menos boa parte de nosso tempo. E nunca, jamais deixar morrer nossos sonhos, eles calibram o eixo rumo ao futuro e trazem de volta as estrelas e o luar pras negras noites de caminhada.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Formosura de Cristo



(foto de Pablo Moreira Costa)






Escrevi esse texto em 17/07/2007 e em 07/11/2008 ele foi musicado pelo Bruno Albuquerque. Estava perdido nos meus arquivos resolvi publicar no blog..



Formosura de Cristo

Conhecer Teu amor
Só então perceber
Que das tristes cores do viver
Quão doce luz pode surgir

Conhecer Teu amor
Só então vou saber
Que tudo podes mudar
Da escura noite a poesia virá

Conhecer meu coração enfim
A formosura de Cristo
Revelada a mim
Tão pobre pecador

Anseio sempre agora
Por vida santa viver
Ao mestre sempre honrar
E que em mim
O possam sempre reconhecer

Canta Assim Mesmo - Stênio Marcius

(Uirapuru - Foto de J. Augusto)

"Se não tem quem ouça, canta assim mesmo

Pássaro sozinho lá na floresta
Canta e vai tentando assim afastar os males do seu peito
Fazer o seu dia um pouco melhor

Sei que é triste, às vezes, cantar sozinho
Quando o que se quer é gritar ao mundo
Gratidão que traz no peito a sina dessa melodia
Louvação a Deus, o seu criador


Canta que o vento sopra mais leve
Que as folhas brilham mais verdes
Que o rio corre mais sábio
Canta que um anjo abre um sorriso
E o céu azul, comovido,
Se esconde em nuvens e faz chover


Canta, que embora breve esse canto
Que teu ar é curto e ligeiro, mas o sentimento infinito
Canta que teu Deus escuta sereno e ao cantador, tão pequeno,
Se revelam muitas grandezas


Se não tem quem ouça, canta assim mesmo
Cada um tem seu trabalho e missão
Canta cada vez mais lindo, até o último suspiro
Doce é morrer de tanto cantar"

Stênio Marcius