sábado, 5 de fevereiro de 2011

Além da janela...



 (Foto Por SolarScot)

Outro dia São Paulo amanheceu coberto por uma neblina densa, acordei e como sempre, fui até a janela para ver o que me reservava o dia, frio, calor, sol, chuva... Quando olhei através da janela, o que vi foi nada, absolutamente nada, uma densa neblina que não permitia que eu visse alem da própria janela.
Estaria eu morando nas nuvens? Não, definitivamente não.
Saí de casa, meio apreensiva por não ver nada à minha frente, mas logo logo percebi que um pouco abaixo, na altura da calçada a neblina não era tão densa assim e era Possível seguir meu caminho tranquilamente.
 
Fiquei pensando, e se a vida fosse realmente menos planos e mais confiar e esperar? Só saber se dá pra seguir nesse ou naquele caminho quando lá chegássemos?  Fico tensa só de pensar, pra mim é complicado não ter as coisas muito bem planejadas e organizadas. O pior é que não era pra ser assim, confiança e não planejamento deveria nos direcionar,  mas...
 
Tem dias que parece que chegamos ao ponto final, ou seria o ponto de partida? Não sei ao certo, o fato é que parece que alguns fatos repetem-se, algumas situações voltam a acontecer, em outro momento, com outros personagens, mas a situação é igual àquela que vivemos lá atrás, o pior é pensar que ela ainda pode se repetir, não dá pra saber... O futuro a Deus pertence!
 
Lembrei de uma conversa engraçada, sabe quando uma criança faz uma daquelas perguntinhas que você nunca imaginou ouvir?  Acho que todo mundo passa por isso.
A perguntou foi... Quanto tempo tem a eternidade? milhões de dias? Respondi que não.
O menino não satisfeito insistiu em mais uma resposta. Já sei então, são todos os milhões de dias. Respondi que não.
Dessa vez ele esperou por minha resposta, ele já não tinha mais o que responder.
Então pensei um pouco, e respondi que eternidade na verdade seria algo como nenhum milhão de dias. Ele ficou me olhando alguns segundos, sorriu e disse, você não sabe a resposta né? E elegeu uma das dele como verdade absoluta.
Como explicar para uma criança que eternidade é exatamente a ausência de tempo? Não consegui elaborar uma resposta pra convencer meu amiguinho. Paradoxos da existência...
 
Não andar ansioso pelo dia de amanhã, pelo que comer ou o que vestir, deveriam ser tarefas fáceis... Por que seria tão difícil?  Viver um dia de cada vez, sem perturbar-se pelo futuro ou distrair-se com o passado, como se o hoje fosse o único dia de sua vida. E na verdade ele é mesmo... Não dá pra saber o que revela o dia de amanhã, nem dá pra mudar o dia de ontem...
 
O hoje seria um pedacinho do eterno, se o tempo não nos fosse tão importante, tão critico, a ponto de impedir que vivamos do agora. É tão mais fácil viver do amanhã, do que serei, do que terei, de onde estarei, é tanta possibilidade que deixamos de lado o concreto, o agora. E deixar o agora pra depois não é nada sábio... depois não será mais agora, e a oportunidade terá passado... Aliás nem dá pra saber se haverá depois.
 
Já pensou que aquelas historias repetidas possam ser pra te mostrar que você não estava atento a vivenciar o que deveria, ou deixou de lado por uma outra prioridade, o tal planejamento do futuro? Não sei dizer se é essa a razão de termos momentos onde parece que a vida deu uma volta e te deixou de novo no mesmo lugar. Mas e se for essa uma das razões? Melhor estar atento dessa vez.
 
Viver verdadeiramente em confiança, mesmo quando nada se vê além da janela. Deixar de viajar tanto com o futuro que tem infinitas possibilidades. Manter o passado no seu devido lugar, aproveitando a experiência é claro, mas sem acreditar que sua vida parou por lá. Manter olhos bem abertos para viver o que o presente te reserva, ser útil no lugar e momento que estamos. Amar a quem está próximo, cuidar, servir onde sua presença se faz necessária nesse momento. Ser próximo...
E entenda, nossa vida é efêmera. Se não for pelo cuidado do Eterno nada somos, nada temos.



“Não quero que o tempo pare nem passe, 

Não quer o tempo, 

Quero a eternidade.” Silvia Mendonça