terça-feira, 24 de novembro de 2015

Natal de Paz

(Foto de Bart)

Estamos nos aproximando do período de festividades de final de ano, e fiquei lembrando de como sempre gostei dessa época do ano, mesmo quando ela não foi tão feliz e festiva para mim.

Quando eu era criança ficava o ano todo esperando chegar o Natal, ano novo não tinha tanta importância naquele tempo, pelo menos para mim. Lembro da festa na casa do meu avô, sempre muita gente, casa cheia, comida, bebida, presentes. Eu sentia-me parte de algo realmente especial, o resto do ano era sempre tão solitário e diferente. Na casa dos meus pais nunca houve uma tradição de sentar-se à mesa juntos durante as refeições, muito menos de compartilhar o que se vivia ou os sonhos, para mim faltava sempre o sentimento de família que eu estava habituada a ver nos filmes. Mas no Natal, não, no Natal na casa antiga em frente à praça da igreja, nesse dia, a casa do meu avô cheia, era tudo que eu sempre sonhei como encontro de família. Desde muito pequena ficava muito animada esperando esse momento.

O tempo passou, meu avô se foi, depois minha avó, e o Natal nunca mais foi o mesmo. Tentei de alguma forma iniciar uma tradição na casa dos meus pais, consegui estabelecer um almoço no dia 25, todo ano acontece, cada ano com uma parte diferente da família, nunca se reuniram nem todos os meus irmãos ao mesmo tempo, isso por diversas razões, falta de interesse, desentendimentos, brigas, distanciamento, confusões da vida.... Nunca mais tive um Natal em família, como os da casa de meu avô.

Fiquei pensando, que muitas pessoas por várias razões, não tem ao menos uma boa lembrança, nunca tiveram uma família estruturada nem que seja no Natal. Vivem cercadas de problemas, de solidão, de miséria seja de recursos ou de alma, vivem em um mundo onde as luzes, os cânticos e os presentes de Natal nunca de fato existiram. São lendas, o bom velhinho nunca se deu ao trabalho de deixar o presente embaixo da árvore ou embaixo da cama. Ele também não passa de uma lenda que visita não as crianças boazinhas que se comportaram, mas as ricas ou as que os pais se esforçam muito para poder dar vida ao sonho de criança da noite de Natal, esse sim vão receber o presente do bom velhinho.

Nessa época do ano, aflora sentimento de solidariedade, mas também em algumas pessoas a certeza da solidão e do descaso vividos. Não falo apenas das pessoas abandonadas nas ruas, nos asilos, além dessas existem as abandonadas dentro do próprio lar, onde deveriam ser protegidos e amados, vivem em situação de abandono, violência, descaso, desamor...
O ser humano esqueceu-se de um dos mandamentos mais antigos, amar ao próximo. O mundo tornou-se um lugar frio, sem paz, as tragédias da vida são apenas mais uma notícia nos jornais. Mata-se por um telefone celular, a vida nunca foi tão sem valor. Os ricos cada vez mais ricos os pobres cada vez mais esquecidos.

Que nesse Natal, possa haver uma vez mais o renascer do sentimento de amor ao próximo, que possamos sentir a dor do próximo e isso nos mova para estender a mão a quem precisa, seja quem está no quarto ao lado, na casa ao lado, na cidade ao lado, embaixo da ponte mais próxima, no meio da tragédia de Mariana, nos ataques a Paris, nos massacres na África, ou nos bombardeios aos países Islâmicos. Paz na terra, paz em nosso lar, paz em nosso coração.

Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz…
…Imagine todas as pessoas
Partilhando todo o mundo” John Lennon

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